Por Dra. Bibiana Prada de Camargo Colenci |Revista Botucatu Especial
A obesidade é uma doença que pode ter complicações como pressão arterial alta, colesterol elevado e diabetes mellitus, podendo finalmente levar ao infarto ou ao derrame cerebral. As causas da obesidade são múltiplas e cabe ao endocrinologista identificá-las corretamente para efetuar o tratamento adequado, juntamente com o controle de suas complicações. Algumas vezes, as causas da obesidade são doenças bem definidas como o excesso de cortisol produzido pela glândula adrenal, o hipotireoidismo e a acromegalia, entre outras. Porém, mais frequentemente sua causa é a ingestão excessiva de alimentos.
Muitas vezes ouço pacientes dizerem que, mesmo comendo em pouca quantidade, não emagrecem. Porque isso acontece? Ora, é porque temos no código genético informações que controlam nosso gasto de energia. Algumas pessoas são “programadas” a economizar mais energia (calorias) que outras. Estas pessoas podem comer pouco, mas irão criar uma reserva energética que chamamos de gordura. No entanto, é interessante notar que também podem engordar, e muito, aqueles indivíduos que não têm esta programação de estoque energético. Isso ocorre porque o estilo da vida moderna, com os excessivos compromissos, o sedentarismo, e os fast foods, obrigam-nos a ingerir e reservar grande quantidade de calorias. Então, se não controlamos o que comemos, e não fazemos atividade física, acabamos engordando.
Porque comemos tanto no dia-a-dia? Existem diversos motivos para comermos mais do que nosso corpo necessita. A oferta de alimentos gordurosos é um deles. Vocês já notaram quantas propagandas de comida vemos nos intervalos da televisão e nos outdoors? Uma vez contei durante o intervalo de uma novela: nove chamadas de comida. Todas recheadas e gordurosas. Não é à toa que depois de um capítulo da novela corremos para “fazer uma boquinha”. Outro motivo para comermos muito é a correria do dia-a-dia. Temos trabalho, casa, família, reuniões. Tudo rápido demais. Não temos tempo para sentar e ter uma refeição como faziam nossos avós. Comemos “qualquer coisinha” para estancar a fome. De preferência algo rápido como um lanche, um salgado e refrigerante, que são riquíssimos em gordura e carboidratos. Sem falar que mastigamos muito rápido e consequentemente comemos mais. Após 20 minutos de uma refeição, o hormônio da saciedade é liberado em nosso corpo, não importando se comemos muito ou pouco. Como ele vai ser liberado de qualquer modo, se mastigarmos devagar, o volume de comida que ingerimos será menor aos 20 minutos. Isto pode evitar que engordemos.
O excesso de refrigerantes é outro comportamento que engorda muito. Mesmo os diet e light. Eles contêm componentes que aumentam a fome após sua ingestão. O mesmo vale para o cafezinho, que abre o apetite, ainda mais quando servido com açúcar. O açúcar diluído num líquido é absorvido de forma mais rápida, não precisa sofrer digestão. Soma-se o cafezinho ao açúcar e temos uma boa fórmula para ganhar peso. Três ou quatro xícaras de café por dia pode ser saudável, contanto que seja sem açúcar.
Os problemas emocionais são outra causa da obesidade. Ansiedade e depressão, ambos podem fazer com que comamos mais. Nestes casos é importante ter um acompanhamento psicológico e muitas vezes tomar medicamentos bem indicados.
Falando em medicamentos, os remédios para perda de peso são úteis para aqueles pacientes que não conseguem perder peso apesar de seguirem uma dieta saudável e realizarem atividade física. Eles devem ser prescritos por um profissional especialista, que entenda seu mecanismo de ação farmacológica, para evitar efeitos indesejáveis.
Vale lembrar que todas essas causas podem estar associadas.
Uma avaliação detalhada pelo endocrinologista permitirá descobrir a causa da obesidade e encontrar a fórmula para você perder e manter um peso adequado para seu organismo, prevenindo o desenvolvimento de doenças como pressão alta e diabetes.
Dra. Bibiana Prada de Camargo Colenci
Endrocrinologia - CRM 93718
Especialista pela Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia