quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tratamentos Alternativos: A eficácia está no auxílio e não na cura do diabetes

 Em todas as situações do cotidiano, é preciso ter calma, pensar primeiro, em viver bem cada momento. Seja paciente e sossegado com você mesmo. Pense em você acima de tudo.
Aquele, que abusa do dom da vida, perde minutos preciosos, abrevia o seu tempo na Terra. E os outros continuarão caminhando, rindo, chorando, estudando, trabalhando. Só você perderá com tamanha correria!
O que incomoda, deve ser ignorado. O que é demais, diminua o ritmo. O que te apressa, vá devagar. Se alguém te perturba, fuja dele. Faça o que te dá conforto. Aquilo, que não conseguiu terminar hoje, fará amanhã.
(Samuel Hahnemann)
Este trecho escrito em uma receita médica pelo fundador da homeopatia Samuel Hahnemann, em 1800, foi destinado para um paciente que já sofria de estafa. Ele já previa que as doenças poderiam ser antecipadas ou até geradas devido ao stress do nosso cotidiano.
A homeopatia foi criada há mais de 200 anos. Desde 1980, é reconhecida como uma especialidade médica no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, já há 15 mil médicos especialistas, sendo que 500 deles trabalham pelo Sistema Único de Saúde em 285 municípios.
Em outros países, como o Reino Unido, já há cinco hospitais homeopáticos. Na Alemanha e França, a homeopatia é um tratamento prescrito por 30% dos médicos e estima-se que nos EUA há 2,5 milhões de pessoas que utilizam a homeopatia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a homeopatia é o segundo tratamento médico mais utilizado no mundo.
O tratamento se baseia na lei dos Semelhantes: o fator causador da doença é o mesmo que a cura. Nesse princípio, as substâncias existentes na natureza, de origem mineral, vegetal e animal, têm a potencialidade de curar os sintomas que são capazes de produzir. Ou seja, se uma pessoa ingerir doses tóxicas de uma substância responsável por apresentar sintomas como dores gástricas, vômitos e diarréia e um homeopata der a mesma substância preparada homeopaticamente a este paciente, haverá cura desses sintomas.
Segundo Ana Paula Pereira, sócia proprietária da Duopharma, farmácia de manipulação, “a preparação do medicamento segue o ensinamento de Hahnemann, que consiste em misturar uma pequena quantidade de uma substância específica em água e/ou álcool e agitar bastante. Este processo é chamado de dinamização ou potencialização do medicamento”.
Apesar da homeopatia ter sido criada há mais de 200 anos, são poucos os estudos que retratam a eficácia principalmente quando relacionada ao diabetes. “Sabemos que muitos destes tratamentos melhoram o lado emocional da pessoa, seja pelo atendimento médico ou por meio da ação do princípio ativo. Desta forma, acredito que as terapias alternativas chegaram para auxiliar o tratamento do diabetes, pois uma vez que o paciente está melhor emocionalmente, seus controles glicêmicos melhoram”, afirma a Dra Bibiana Prada de Camargo Colenci, endocrinologista de Botucatu, município do interior de São Paulo.
“O glucagon e o cortisol, hormônios liberados pelo corpo que aumentam a glicemia, são diminuídos quando a pessoa tem mais equilíbrio emocional”, acrescenta Dra Bibiana. “Independentemente desse benefício, o tratamento tradicional não deve ser substituído. Nesses casos, acrescentamos ao invés de substituir”.
Outros tratamentos alternativos
Além da homeopatia, há outros tratamentos que muitas pessoas também seguem. Entre eles estão a fitoterapia e florais. “A fitoterapia é feita a partir dos extratos de plantas e atua diretamente na doença, já os florais são elaborados a partir de flores, plantas e acrescenta-se meioalcoolico ou não alcoolico. Este tipo de tratamento, assim como a homeopatia, visa ao equilíbrio energético do ser, alerta Ana Paula
“Há medicamentos fitoterápicos e florais que são hipoglicemiantes, ou seja, ajudam a reduzir a glicemia. Também podem atuar na redução da ansiedade e como calmantes no organismo”, acrescenta Ana Paula.
Além desses tratamentos, muitas pessoas acreditam na cura por meio do uso de plantas como carqueja, pata de vaca, batata yacón, entre outras. Dra Bibiana ressalta que “essas plantas são ricas em pectina, fibra não solúvel, e, por isso, realmente reduzem a glicemia, do mesmo modo que os efeitos da utilização do pó de casca de maracujá. Porém, temos de ter cuidado, porque as plantas têm milhões de outras substâncias, além daquela que é benéfica. Estas outras substâncias podem fazer mal, intoxicar ou lesionar algum órgão, por isso, não recomendo chá de folhas. Por outro lado, a batata yacón é rica em fibras e eleva menos a glicemia que as batatas comuns. Mesmo assim é um carboidrato que deve ser ingerido com moderação.”, explica a Dra. Bibiana.
“As terapias alternativas devem ser utilizadas como auxiliares, complementando o tratamento tradicional. Há relatos de casos de pessoas que param de aplicar insulina e resolvem tomar chá de folha de insulina. Este é apenas o nome da planta e não possui insulina alguma. O indivíduo fica sem insulina circulante e pode desenvolver cetoacidose diabética. Este quadro ocorre quando há falta de insulina no corpo e, portanto, não entra açúcar na célula. O açúcar serve como energia para nossas células. Sem ela, utilizamos ácidos que podem cair na corrente sanguínea, podendo ser fatal. Temos que alertar a população e utilizar estes tratamentos de forma que auxiliem o diabetes e não de forma deliberativa, sem trabalhos éticos, pois pode acarretar risco de vida”, recomenda Dra. Bibiana.
“Outro ponto que deve ser esclarecido é o da origem das matérias primas, que devem ser compradas em locais que tenham registro nos órgãos fiscalizadores, com controle completo desde a sua procedência até a entrega ao cliente. Pois muitas vezes, esses produtos não são produzidos da forma adequada, isso inclui fornecedores não fiscalizados, cultivos domésticos, entre outros, não garantindo a eficácia ou ainda podendo causar danos à própria saúde”, alerta Ana Paula.
Por isso, Dra Bibiana reitera a importância da utilização do tratamento tradicional. Os outros tipos de procedimento podem auxiliar no melhor controle emocional a fim de ter bons índices glicêmicos. Mas antes de qualquer iniciativa, é essencial procurar um médico de credibilidade, perguntar sobre a eficácia de determinado procedimento para saber se está no caminho certo. Como diz Dra Bibiana, “as pessoas devem se informar antes de iniciar uma terapia alternativa e terem consciência que não são milagrosas, pois muitos procuram milagres. As terapias alternativas são ótimas opções dentro de suas limitações e por isso mesmo devem ser feitas em conjunto com a terapia tradicional a qual o paciente já esta utilizando.”.

site Accu-Check Monitorização (http://www.accu-chek.com.br/br/entendendo-o-diabetes/monitorizacao.html)

domingo, 24 de abril de 2011

A Importância do Autocontrole no Tratamento do Diabetes

O que é automonitorização glicêmica capilar (AMGC)?
 


A automonitorização glicêmica capilar é o popular “pontinha de dedo”. É chamada de capilar, pois aferirmos a açúcar através do sangue presente nas artérias capilares, que são pequenos vasos do nosso corpo. As oscilações da taxa de açúcar no sangue são consideradas um dos grandes responsáveis pelo aparecimento de complicações em longo prazo. Portanto, considera-se uma grande vantagem o fato de portadores de diabetes reconhecerem a necessidade da AMGC e os valores seguros de glicemia. A IDF e as principais Sociedades de Diabetes do mundo recomendam que sejam observados os limites da glicemia pós-prandial, glicemia de jejum e os níveis de Hba1c. Atualmente, somente procedimentos invasivos como a AMGC e o CGMS (monitoramento continuo de glicose) fornecem informações precisas do perfil dos níveis glicêmicos diários dos pacientes.

Porque é importante que eu faça a AMGC?

Vários estudos demostram queda da HBA1C (ou seja, o melhor controle do diabetes) quando o indivíduo utiliza a AMGC com frequência. No entanto a AMGC é só uma ferramenta eficaz no autocontrole quando os resultados são revisados pelo endocrinologista e/ou pelos diabéticos com o objetivo de modificar o seu comportamento ou ajustar o tratamento de forma eficiente. A manutenção de níveis da glicemia que previnam o desenvolvimento e o progresso das complicações crônicas referentes ao Diabetes envolve um equilíbrio entre a ingesta alimentar, a atividade física e a terapia com drogas. A participação ativa e efetiva dos portadores de diabetes no controle e no tratamento de sua doença é um componente essencial para um bom tratamento. Para tanto, é necessário que eles tenham um nível de conhecimento adequado e estejam capacitados para proceder com mudanças comportamentais, ajustes no tratamento e tomada de decisões, estabelecendo o autocontrole como parte integrante de sua rotina diária.

Quem deve realizar a AMGC?

Todos os portadores de diabetes devem realizar a AMGC. No entanto, a quantidade de vezes ao dia varia conforme o tipo de diabetes, e seu tratamento. Para pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) que estão em tratamento com bomba de insulina ou múltiplas doses diárias de insulina e contagem de carboidratos, a recomendação é realizar entre 4 a 8 aferições por dia. Realizamos diversas vezes a AMGC justamente para calcular a dose de insulina a ser aplicada naquela refeição e também para verificar se a dose foi efetiva ou excessiva.
Já os indivíduos com DM2 não tratados com insulina podem realizar diversos esquemas, não havendo consenso atualmente. Neste caso, esquema varia conforme o objetivo listado abaixo:
1. Intensificar a educação do diabetes
2. Auxiliar na compreensão da doença
3. Ferramenta para avaliação glicêmica para otimizar a terapia e consequentemente um desfecho positivo
4.Tenha sintomas de hipoglicemia
5. Tenha infecções, esteja viajando ou sob stress.
6. Esteja fazendo ajuste ajustes na medicação, na alimentação e/ou atividade física
7. Esteja vivenciando piora dos valores da HBA1c
8. Esteja em dúvida ou necessitando de informações adicionais sobre a natureza da sua doença, e/ou impacto de seu tratamento (farmacológico e não farmacológico) sobre o controle glicêmico.
9. Esteja em período gestacional ou planejando engravidar

E o que é a monitorização contínua de glicose (CGMS)?

O CGMS é um aparelho utilizado pelo endocrinologista para identificar as oscilações de açúcar em pessoas com diabetes. Ele utiliza um sensor que é colocado sob a pele, em contato com a gordura, e também com um monitor externo do tamanho de um pager que armazena os dados de leitura da glicemia que são coletados pelo sensor a cada 5 minutos. Os indivíduos utilizam o sensor em um período de 3 a 5 dias. Assim temos por volta de 288 medidas por dia de glicose, o que chega a ser 72 vezes a mais de informação por dia do que a AMGC. É um aparelho “cego”, ou seja, a analise será realizada após sua utilização, assim como um aparelho de Holter de pressão arterial.
O CGMS serve para:
  1. Avaliar as oscilações glicêmicas,
  2. Pesquisar hipoglicemia noturna ou assintomática,
  3. Necessidade de reajuste da dose de insulina sem aumento da hipoglicemia,
  4. Durante o período de preconcepção e período gestacional

Além do CGMS temos parelhos para aferir a glicemia em tempo real acoplado à bomba de insulina. Através de ondas de rádio, o sensor envia informações ao aparelho de bomba de insulina o qual mostra em seu visor a tendência glicêmica. Este dispositivo é interessante, pois podemos ver a tendência da glicemia e tomar uma atitude antes da alteração. Por exemplo, podemos ver uma tendência de hiperglicemia e ajustarmos a dose de insulina para evitar a mesma. O mesmo com a tendência de hipoglicemia. Se o dispositivo mostra uma tendência para queda da glicemia, podemos ingerir algum alimento, evitando-a. O sistema de bomba de insulina mais o sensor de glicose também é chamado de "pâncreas artificial". No entanto, este nome pode causar um pouco de confusão, pois a bomba de insulina não libera a quantidade de insulina necessária para aquela glicemia automaticamente. Há necesidade do portador ver a tendência e tomar uma atitude, seja programando a bomba para liberar mais insulina, seja comendo algo.

Há dispositivos de monitorização glicêmica em tempo real não acoplados à bomba de insulina. Da mesma forma são interessantes para os DM1 que não queiram utilizar a bomba mas se preocupam com a oscilação glicêmica ou para DM2 que queriam monitorizar
de forma mais segura sua glicemia.




Em resumo, a AMGC deve ser baseada em uma decisão compartilhada entre o portador de diabetes e endocrinologista e deve estar ligada a um conjunto de instruções claras com ações a serem tomadas baseadas nos resultados obtidos com a AMGC.
O uso apropriado da AMGC pelos portadores de diabetes não tratados com insulina tem potencial de aperfeiçoar o controle de diabete através de ajustes regulares no tratamento baseados no resultado na AMGC, melhorando tanto o desfecho clínico como a qualidade de vida. Entretanto, o valor e a utilidade da AMGC podem se desenvolver dentro de um modelo de tratamento preventivo que seja baseado em monitorização continua e capacidade de ajustar o controle com o progresso de a doença no passar do tempo.

Dra Bibiana Prada de Camargo Colenci
Mestre em Endocrinologia e Diabetes
CRM 93718